sexta-feira, 13 de julho de 2012




Por: Claudinei Costa

O Espetacular Homem-Aranha
O recomeço para o melhor amigo da vizinhança agrada, mas repete os mesmos erros da trilogia anterior

Considerado um das melhores adaptações de super-heróis para o cinema, a trilogia que levou o personagem Homem-Aranha para as telas mobilizou um público muito mais do que o esperado pelos estúdios da Sony, claro que, depois de três filmes, a história tinha que continuar, ou recomeçar do zero na nova mania de Hollywood!

A ideia dos estúdios em O Espetacular Homem-Aranha era reformular o herói e trazer uma nova visão para os cinemas e atrair, além dos fás de carteirinha do teioso, arrastar uma nova legião de fãs, mas como fazer isso depois do fracasso do terceiro filme do Homem-Aranha, encarnado pelo ator Tobey Maguire? Filme em que foi classificado pela audiência como um catálogo para venda de bonecos em miniatura e, quase nada se salva do terceiro filme da trilogia que afundou de vez as esperanças de encontrar um Homem-Aranha igual ou parecido aos quadrinhos no cinema. Se ficasse em apenas dois filmes seria ótimo, pois Homem-Aranha 2 mostrou que uma continuação poderia superar o sucesso do primeiro.

Assim que as filmagens do reboot começaram, tudo mostrava que O Espetacular Homem-Aranha fugiria para o estereótipo do meloso thriller dos vampiros brilhantes de Crepúsculo, sucesso entre o público jovem por trazer um romance esquisito e clichê entre uma simples mortal, Bella e o chupador de sangue, Cullen. Algo diferenciado e uma fórmula que levou multidões para o cinema e poderia ser utilizado no novo filme do herói Homem -Aranha, esse era o meu temor. Felizmente não foi assim e, depois de presenciar os primeiros minutos de O Espetacular Homem-Aranha, respirei aliviado, aquela impressão de filme ruim me saiu dos ombros.

Segui tudo que precisava antes de entrar na sala do cinema, esvaziei minha cabeça e esqueci os três filmes anteriores. Pensei em apenas um fato, de que o franzino Peter Parker seria picado por uma aranha radioativa e ganharia poderes que o transformaria no conhecido herói Homem-Aranha. Eis que o diretor Marc Webb (que adquiriu prêmios ao dirigir videoclipes para os roqueiros do Green Day, encarou a direção do divertido e romântico 500 Dias com Ela, filme que recebeu duas indicações ao Globo de Ouro) conseguiu mudar a má impressão que adquiri entre imagens e trailers de O Espetacular Homem-Aranha.

A linha de ideia do diretor era dar um ar mais humano ao herói e mostrar todos os problemas normais de um adolescente como a convivência complicada com seus tios depois de perder os pais ainda criança, o primeiro amor e as famosas responsabilidades de qualquer ser humano. Quando Peter recebe os poderes e se torna o herói, balancear tudo não será uma tarefa fácil, nem mesmo para o incansável amigo da vizinhança. Mostrar essa transição e todas as complicações de se tornar o Homem-Aranha, Marc é excelente, dirige os diálogos entre os personagens com maestria e, apesar das extensas conversas entre eles, o roteiro mostra um novo lado dos personagens para os filmes de heróis, fazendo com que realmente o público os conheça internamente e se importe com cada um deles.

Peter Parker na verdade se torna um espelho para a adolescência de hoje e muitos jovens, mesmo que não o conheçam a fundo, se identificarão facilmente com o personagem. Isso não é novidade para quem é fã do Aranha de muito tempo, mas o que tem de novo para esse público além do que já conhecemos? Marc Webb adicionou uma incógnita na vida de Peter Parker e tentou explicar, sem êxito, o que aconteceu com seus pais realmente, mas caiu numa armadilha com o trivial.

Além de um herói mais humano, um uniforme bem legal, lançadores de teias criados por Peter Parker (como nos quadrinhos) e a atuação um tanto convincente de Andrew Garfield, o público das antigas ganha uma nova versão com mais do mesmo e nem a adição do vilão Lagarto, mais inteligente (o que?), pôde mostrar um filme melhor que o primeiro Homem-Aranha vivido pelo ator Tobey Maguire.

Toda a inspiração baseada nas versões de história do criador Stan Lee está presente na história que mostra um Peter Parker enfrentando o dia a dia para ser um homem e necessita dos poderes adquiridos para isso, apesar de nunca tê-los desejado. O filme agrada e, os atores escolhidos a dedo pelo diretor ajudam na imersão da história em todos os aspectos.

A simpática Emma Stone como Gwen Stacy faz a sua parte e ilumina os caminhos do perdido Peter Parker. Já Martin Sheen como Tio Ben convence e, no papel de tia May, Sally Field passa despercebida, uma pena, pois a atriz é ótima e possui um carisma não aproveitado na película. Destaque para todas as interações entre os personagens e, orquestradas por Webb, não poderiam ser mais do que excepcionais.

Quando o assunto é o roteiro, a produção não agrada. A história cai na mesmice de que tudo precisa estar conectado, possuir um elo. Isso depende daquilo que leva a outro fato, fórmula batida. Quem explica a personagem Gwen Stacy, a futura namorada de Parker é estagiária chefe dos laboratórios (onde se encontra a aranha modificada geneticamente que dará origem ao herói) chefiado pelo cientista Curt Connors (o Lagarto em pessoa), que está envolvido com o pai de Peter, que localiza uma pasta com documentos de pesquisas provando essa aliança e por ai vai... Coincidências demais para o filme, talvez desculpas para o grande desfecho.

O ator Rhys Ifans cai bem como o cientista Curt Connors, apesar de mudarem totalmente o vilão Lagarto. No quadrinho, quando o doutor se transforma na fera, a criatura fica descontrolada e não emite uma palavra sequer, diferente da contraparte vista no filme. As cenas de luta entre o teioso e o Lagarto garantem boas e emocionantes tomadas. Os efeitos especiais são bem empregados e são bem reais, por incrível que pareça, testemunhei excelentes modelos que deixam as cenas ainda mais verossímeis. Já o 3D é excelente e vale cada minuto com cenas profundas e, pular entre um edifício e outro numa câmera em primeira pessoa com o personagem, vale o ingresso!

Os roteiristas e os estúdios da Sony já anunciaram, veremos nos próximos anos uma segunda trilogia para tentar seguir os passos dos filmes anteriores e digladiar nas bilheterias com os filmes do morcego detetive, Batman. Esperamos um roteiro mais convincente e livre de tantas coincidências, pois ainda existe um terreno fértil para ser explorado em cima do Homem-Aranha e quem sabe num futuro próximo Hollywood acerte na fórmula e nos traga um filme e personagens mais próximos das melhores histórias em quadrinhos do cabeça de teia.

Não deixe de jogar o game do Aranha depois de assistir ao filme, o título The Amazing Spider-Man, disponível para PS3, Xbox 360, PC, Wii, Nintendo 3DS e DS, iPhone e Android, é uma continuação direta da película e mostra um novo universo para o herói nos consoles com um mundo aberto e novas mecânicas de controle. Boa pedida para os viciados de plantão!

Enfim, O Espetacular Homem-Aranha é digno de ser assistido. A aventura, os diálogos bem contracenados e a ação embalam a audiência e não é difícil encontrar motivos para algumas horas de entretenimento de qualidade, tirando alguns problemas com o enredo. O elenco é competente e ajuda no desenrolar da história. O herói é diferente do vivido por Tobey Maguire e, Andrew Garfield, apresenta uma nova cara ao personagem e tem um futuro promissor no papel do Homem-Aranha, desde que acertem no roteiro. Stan Lee, o criador do personagem também faz a sua aparição na película, a cena é memorável e talvez a melhor e mais engraçada entre todas que o figura já foi visto nos filmes da Marvel.

A Sony promoveu uma exibição fechada do filme para a imprensa e fãs antes do lançamento em circuito nacional e, depois da sessão, aconteceu um web chat via Skype com os protagonistas Andrew Garfield e Emma Stone. O público presente pôde fazer perguntas para os atores num bate-papo descontraído e muito divertido. O evento inédito marcou o dia e causou alvoroço entre fãs. Participamos com algumas perguntas e conferimos pessoalmente toda a preparação dos atores para encarar seus papéis no filme. 

Assim que o filme terminar, não deixe a sala, entre os créditos finais, como de costume, a Marvel mostra uma cena que arremete à continuação do filme do Aranha. Não deixe de assistir, O Espetacular Homem-Aranha já está em exibição num cinema perto de você!







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